Eu mal pisava na calçada e minha mãe começava a ladainha.
Gritava da sala de tv, mais alto do que a novela das seis:
“Diga com quem andas que direi quem és”.
A vida inteira foi assim.
E eu aposto que ela não foi a única.
Imagino a carreata de mães que acompanharam a minha nessa missão de manter os filhos longe das más companhias.
E assim, a gente desviava de um aqui, de outro ali…e no fim estava sempre rodeado de pessoas do bem.
Sabe por que? Porque no fundo todo mundo tem o lado bom.
Outro dia assisti ao filme da Malévola… incrível como até a bruxa tem seu lado princesa de ser.
Todas as manhãs eu faço uma oração que meu pai me ensinou.
A oração diz para gente ver o bem em cada um.
Eu me esforço para isso.
Mas muitas vezes é mais fácil ver o lado “negro da força”.
Sem perceber a gente repara mais nos erros do que nos acertos do vizinho.
Começamos aqui em casa um exercício onde cada um tem que falar 3 qualidades do outro e citar um defeito – um único defeito – próprio.
Parece mentira, mas é difícil.
A gente logo pensa em 3 qualidades próprias e vários defeitos alheios.
Todos nós acreditamos ser do bem, estar no caminho certo.
O medo de qualquer pai, é ver o filho envolvido com as pessoas erradas.
Minha pergunta é: por que parece mais fácil ser levado para o caminho torto?
Por que a gente sempre pensa que a bruxa vai envenenar a princesa e não o contrário?
Acho que a nossa função não deveria ser a de evitar as más companhias…
Seria bom se pudéssemos ter a confiança para dizer: meu filho, vai lá e socorre aquele seu amigo perdido!
