Se tinha uma coisa que eu gostava quando criança, era de ir à feira.
Eu nunca fui muito fã das hortaliças e leguminosas, mas adorava ver os tons de verde das verduras. alface, almeirão, chicória, acelga…
Eu gostava daquele colorido todo, daquela barulheira sem fim…
Era gente indo e vindo… e indo de novo… e vindo de novo.
A feira que a gente ia era quase internacional.
Tinha motí (doce de feijão) na barraca japonesa, quibe árabe, esfiha síria, café colombiano, especiarias da Índia e uma infinidade de docinhos caseiros, feitos ali, em Tupã mesmo.
Acredita que tinha até uma barraca de tamarindo? Uma barraca só para vender os produtos feitos com aquele azedinho da casquinha dura.
Na nossa feira tinha de tudo.
Vendia fumo de corda, milho cozido, panela de barro e vara de pescar…
Mas o que me encantavam mesmo eram as bonecas de pano.
Eram bonecas feitas de retalhos… de restinhos de renda, de botões de sobra, de fitinhas de cetim.
Eu gostava de andar de mãos dadas com o meu pai.
A gente selava os dedos e seguia de barraca em barraca.
Passávamos minutos preciosos analisando cada réstia de alho…
Conferindo as pintinhas pretas na casca do mamão…
Botando reparo nos detalhes dos cestinhos de vime.
O homem do algodão doce insistia em ficar por perto, mas eu nem olhava muito para ele.
Eu queria ouvir o barulhinho da matraca, quando o rapaz passava oferecendo biju.
Garapa tinha na barraca da esquina, a mais disputada da feira.
A turma toda se encontrava por lá.
Minha alegria era quando o pai tirava do bolso da calça de tergal, 3 notinhas de cruzeiro.
E, como mágica, eu sabia que dali sairia um pastel de carne, daqueles com a azeitona dentro.
Ah… a azeitona valia a feira.
E depois do pastel, a gente voltava para casa de sacola cheia e coração leve!