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Nem borracha apaga

by Luciana Demichelli

Eu coleciono tudo, de tudo! Sempre foi assim. Colherinhas, dedais, azulejos… tenho até uma coleção de “Barbie”, mesmo sem nunca ter sido muito fã de bonecas.
Essa foi imposta pelo meu filho. Ele tinha 3 anos quando escolheu sozinho meu presente de dia das mães. Desde então, já são várias bonecas guardadas. Todos os anos meus filhos escolhem uma Barbie que tenha a ver com o momento que estou vivendo. Meu acervo é de fazer inveja: tenho a Barbie nadadora, a escritora, a tenista, a com cabelo curto, comprido… Ano passado ganhei a Barbie barista! É mais uma à espera de um dia, quem sabe, tomarmos um café da tarde.

Essa mania de colecionar começou quando eu ainda era criança. Minha primeira coleção foi de borrachas de cheiro.
Acho que eu tinha uns 8 anos quando meus pais me levaram para o Paraguai. Foi minha estreia em viagens “internacionais”. Lá fomos nós de Tupã ao Paraguai num piscar de olhos, que durou horas eternas.
Nos anos 80, uma viagem dessas seria como levar a família inteira para a Disney. Todos os detalhes eram minuciosamente sonhados.

A ideia era garantir a diversão e as compras: tênis chinesinho, perfumes falsificados, chiclete de bolinha, calça da Fiorucci e, claro – no meu caso – borrachas de cheiro!
Meus pais compraram aos montes. Eram de todas as cores, formas e aromas.
Quase enlouqueci o pessoal da Receita Federal ao mostrar TODA a minha coleção. Conversadeira que sempre fui, contei a história de uma por uma. No fim, quem trazia video cassete escondido na bagagem, se deu bem. Todo mundo passou ileso na alfândega devido ao cansaço que eu dei nos policiais.

Eis que essa semana, minha mãezinha me surpreende. Ela guardou minha coleção, que eu nem sabia que ainda existia.
Dentro de uma caixinha de madeira há mais de 40 anos, as borrachas continuam intactas. Algumas até com cheiro!!!
Abrir aquela caixa foi liberar o passado e senti-lo presente de novo. Como uma brisa matinal, me vi menina.
Me lembrei de cada uma das borrachas. A que eu ganhei do Renato, a que eu troquei com a Maysa, a mais exclusiva e todas aquelas compradas no Paraguai. Acredita que algumas ainda estão fechadas no plástico e com etiqueta?
Entre soluços e lágrimas, rever minha coleção foi um momento mágico.

– Filha, leva com você.

– De jeito nenhum, mãe. Eu não seria capaz de guardar a coleção por mais 40 anos.
Momentos assim se eternizam… e nenhuma borracha do mundo consegue apagar!

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