Minha filha amarrou no pulso uma fitinha do Nosso Senhor do Bonfim.
Ela não tinha ideia do que era, mas ficou feliz quando descobriu que faria 3 pedidos e seria atendida. Explicamos que poderia pedir qualquer coisa. Poderia imaginar a maior das loucuras, o que ela quisesse do fundo do coração… e pedir.
Quando aquela fitinha ficar velha e arrebentar, o pedido será realizado.
Simples assim.
Ela fechou os olhos, se concentrou, pensou em milhões de coisas… e pediu.
Avisei que ela não precisava contar os pedidos, mas ela sempre quer dividir com a gente os pensamentos.
Pai, sabe o que eu pedi?
Olhou para os lados, para ter a certeza de que ninguém estava ouvindo, e completou:
Guaraná!
Falou e já abriu um sorriso de 2 litros.
Ela podia pedir qualquer coisa. Não precisava pensar no valor, no tamanho, na dificuldade, na viabilidade… e pediu Guaraná.
Na hora pensei nos meus 3 pedidos e me arrependi por não ter um Guaraná entre eles.
Quando será que a gente começa a complicar a vida?
Tem um amigo, o Edu, que fica tentando descobrir quando a tarde passa a ser noite.
Comecei a fazer o mesmo. Fico olhando para o céu tentando descobrir em que segundo a tarde se despede e dá lugar a noite.
Deve ser assim que a complexidade invade a nossa vida.
A gente não sabe direito quando, em que segundo… mas quando pisca, é noite.
E não tem volta.
A noite não deixa de ser noite para ser tarde de novo.
A gente não deixa de complicar para ser simples.
A gente não consegue. E olha que a gente tenta. Faz uma força danada, mas continua complicando.
Da próxima vez que amarrar uma fitinha no braço, vou pedir Guaraná.
Meus outros 2 pedidos?
Uma fatia de laranja e gelo, claro.
Se bobear, troco a laranja por uma dose de simplicidade.