“Ser repórter é fácil! É só fazer um monte de pergunta boba para alguém famoso.”
Foi assim que o Arthur, aos 9 anos, definiu a minha profissão para a prima dele.
Pior que, dando uma olhadinha nas manchetes, vejo que ele não está tão errado assim. Algumas notícias de hoje que reforçam esse ponto de vista:
“Mirella Santos diz que a sua filha é uma mini peruinha”
“Saiba tudo sobre o casamento de Laura Keller e Jorge Sousa”
“Mara ataca Piovani após reconciliação com o marido”
Definitivamente, não tenho como convencer meu filho de que ele está errado. Os argumentos são fortes demais.
Mas foi o que ele falou depois disso que me deixou intrigado:
“Ninguém fala para eles que não é isso que a gente quer assistir?”
Acho que é esse o grande desafio dos meios de comunicação “tradicionais”. Descobrir o que essa geração que está chegando quer assistir. O mundo se transformou em uma velocidade impressionante e, daqui para frente, vai acelerar ainda mais. Estou, agora, no aeroporto de Atlanta. Vou para Salt Lake City para produzir uma reportagem sobre um carro voador. Isso mesmo, um carro que voa. Parecido com aqueles dos Jetsons, que só existia na nossa imaginação infantil. Agora, ele é realidade e, para a nova geração, vai ser “normal”.
Acho que estou ficando velho. Estou, óbvio! A diferença é que agora começo a perceber isso mais claramente. Por mais que atualize meu software, o hardware é ultrapassado. Não sei como vai ser o mundo daqui a 10 anos. Tento inventar o futuro, mas tudo o que está acontecendo vai além de qualquer previsão. Não sei (e você também não sabe) como o mundo vai estar na semana que vem.
Ainda bem que, nos últimos tempos, minha profissão não exige esse entendimento. Encontrando algum famoso e fazendo umas perguntas bobas, eu sobrevivo e assisto o futuro acontecer.