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Negociando a alma

by Cesar Gomes

Acontece com a maioria.
Um dia, ainda jovem, nos apaixonamos por uma profissão. A paixão é um sentimento maravilhoso. Tão forte, que nem percebemos o momento em que vendemos nossa alma.
E aí, a partir desse momento, nos orgulhamos de passar noites em claro, ficar o dia todo sem comer, perder o aniversário de alguém querido… afinal de contas, isso enobrece.

Aniversário da Cora

O tempo passa e chega uma hora em que a gente sente falta da alma e quer negociar. Quer a tal alma de volta.
Conheço algumas, poucas, pessoas que conseguiram isso.
O que a gente não sabe é que a alma valoriza mais do que qualquer investimento e é praticamente impossível recuperá-la.
Deveríamos ter lido as letrinhas minúsculas do contrato. Lá está escrito que ficamos dependentes do trabalho eternamente. Não interessa o nosso amadurecimento, não interessa a descoberta de que a nossa família é mais importante.
O trabalho vicia. Pode ser por causa do salário, daquela promoção tão esperada, daquele projeto que você apresentou há 10 anos e está, mais uma vez, pra sair… não sei qual dessas substâncias é a mais nociva. O vício é tão grande que os bilionários da lista da Forbes, velhinhos, continuam indo para o escritório todos os dias. Por que?

capa-forbes

Durante um período, longo, ainda tentamos nos enganar dizendo que fazemos isso por nossos filhos. É mentira. Fazemos isso porque não conseguimos fazer outra coisa. Fazemos isso porque assinamos aquele contrato da alma.
Quanto vale uma alma?
Muito.

lembrete
Acho que deveríamos contratar uma boa advogada, a Doutora Coragem. Ela deve encontrar alguma brecha nesse contrato. Também poderíamos pensar na criação de uma associação. A AEDA (Associação dos Ex-Donos de Almas) pode dar força à negociação. O dia em que recuperarmos nossa alma, iremos ao jogo do nosso filho no domingo. A consciência não vai pesar quando levarmos nossa filha na escola, mesmo que isso custe 5 minutos de atraso na reunião. Vamos cuidar da nossa saúde com sonhados exercícios diários sem culpa.
Enquanto esse dia não chega, lemos esse texto o mais rápido possível… afinal de contas, temos que voltar ao trabalho.

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