A vida é tão corrida que às vezes tenho dificuldade em me lembrar do que aconteceu ontem.
Não sei se minha memória está fraca ou se o meu esquecimento é sinal do tempos.
A gente faz, faz, faz… e no outro dia a gente esquece, o amigo esquece, o chefe esquece…
Nosso feito, com o efeito do tempo, passa. É substituído.
O ídolo de ontem nem de longe parece o de hoje.
Não deveria ser assim.
Mas isso me faz compreender o velho ditado: É preciso matar um leão por dia.
E quem não caça… entra naquele vão da memória, que estreita com o tempo.
Isso não acontece apenas com a gente.
Até os cheios de fama caem no vão do esquecimento.
O grande repórter Pedro Bial, que nos fez ver pela tv a queda do muro de Berlim, para muitos é apenas o apresentador do BBB.
E não há muro que segure a velocidade do tempo.
George Foreman não conseguiu lutar contra isso.
Um dos maiores pugilista da história do boxe é mais lembrado hoje na hora do churrasco…
E a gente grita: pega lá o George Foreman para assar aquela carninha.
O tempo, às vezes, apaga os traços que a gente levou a vida para desenhar.
Nossas obras deveriam ser emolduradas.
Mas nem o Paul Newman ficou tão bem assim no retrato.
Nem ele, galã das telonas americanas, conseguiu ser 100% eterno só nos cinemas.
Paul Newman foi parar nas prateleiras. Virou nome de pizza, de suco, de pipoca.
Li em uma entrevista que ele acha engraçado quando as pessoas pedem autógrafo porque o reconhecem como o homem da limonada.
E pensar que ele ganhou o Oscar de melhor ator…
Dia desses meu filho pegou um livro na biblioteca da escola.
Veio todo feliz me contar que era a história do moço grandão que aparece comendo hamburger no filme “Good Burger”.
E quando eu perguntei qual era o moço, a resposta me chocou: “Shaquille O’Neal”.
Se até o ídolo do basquete foi… um dia lá vamos nós também para vão da memória.
