Se eu fosse criança nos dias de hoje, minha mãe seria acusada de maus tratos.
Não estou falando de chineladas no bumbum – que foram várias – estou apenas me lembrando do quanto ingeri de xarope de frutose.
Acho que o ingrediente principal da minha infância foi o açúcar.
Tudo era na base do doce.
Logo pela manhã, eu passava na pontinha do pão francês uma camada de Nescau.
Assim que minha mãe terminava de fazer o bolo, lá estava eu pronta para lamber a lata de leite condensado.
Em casa a gente raspava a panela de brigadeiro… e sorria com chocolate nos dentes.
A infância tinha gosto de bala Chita e Chilé Ploc.
Nem precisava de muita birra para ganhar pipoca doce, pão doce, algodão doce.
A gente comia fruta também.
Mamão com açúcar, banana com canela e açúcar, morango com chantilly, feito do puro açúcar! Sobremesa refinada!
É claro que minha mãe dava comida saudável.
Ela fazia rolinhos de alface. O segredo era rechear o alface com açúcar, para ter certeza que a gente ia comer.
Se fosse hoje seria condenada pelas amigas.
Acontece que naquela época, todas as amigas davam Tang de laranja – com açúcar – para os filhos.
A gente bebia Tang, Tubaína e limonada, com 4 colheres de açúcar, para adoçar um pouquinho.
O que deixava filho forte era geléia de mocotó.
E quando o filho adoecia, era só misturar uma colherinha de açúcar no remédio dele, para tirar o amargo da boca.
Era um santo remédio!
Curava tudo.
Até o nervoso passava com um copo de água e uma pitada de açúcar.
A vida, de certa forma, era muito mais doce!