João, Maria, José, Abreu… ser chamado pelo próprio nome de tão simples é complicado.
Às vezes dá branco. Você encontra aquela pessoa na rua… e nada de lembrar o nome.
A gente tenta disfarçar, envia o sorrisinho amarelo e lança a velha desculpa: “Sou péssimo para nomes”.
Péssimo para lembrar o nome dos outros, mas deixa alguém esquecer o seu.
É sempre assim. A gente chama o cara de fulano, de tiozinho… lembrar que é bom, nada.
Dizem que esquecer o nome dos outros conta muitos pontos negativos para a gente.
Os estudiosos analisam como falta de comprometimento.
Eu já caí nessa lista ingrata por diversas vezes.
Ô, meu amigo, se eu te contar…
Certa vez fui fazer uma reportagem em Cruz das Almas, no interior da Bahia.
Lá trabalhamos com um senhor muito atencioso, o Seu Evaristo.
Era Seu Evaristo para cá, Seu Evaristo para lá…
Durante toda a viagem – uma semana inteira – o Seu Evaristo estava pronto para ajudar.
Até que veio a hora da despedida.
Eu disse ao Seu Evaristo que sempre que eu fosse a Cruz das Almas iria chamá-lo para trabalhar com a nossa equipe.
Depois do sorriso de agradecimento, veio o lembrete:
“Você pode me chamar quando quiser, mas se telefonar lá em casa procura pelo Aristides porque Evaristo ninguém vai saber quem é.”
Seu Aristides, sem dizer uma palavra, teve o nome trocado pelo meu descaso, pela minha falta de atenção.
Ô, meu rei… foi inadmissível. Mas aconteceu.
E não vou dar a desculpa de que sou péssima para nomes.
Um amigo meu aprendeu com um amigo dele que quando você esquece o nome de alguém é só chamar de “Capitão”.
E aí Capitão, tudo bem? E aí Capitão, beleza?
É a intimidade no lugar do esquecimento.
Tudo funcionava bem até meu amigo ser traído pela falsa camaradagem, quando chamou de “Capitão” o amigo que passou a dica. #ficaadica
Eu adoro ir a lugares onde as pessoas me chamam pelo nome.
Melhor ainda quando o atendente conhece até o meu pedido, de cor.
O diretor da escola do meu filho sabe de cabeça o nome de todas as crianças. São 1,385 estudantes…
E todos se sentem especiais.
Portanto, capitão, amigão, meu chapa, tiozinho, camarada… Seu Evaristo nunca mais!