Ontem passei por uma situação tensa.
Fui roubada no posto de gasolina.
Aqui a gente abastece o próprio carro, não tem frentista. Enquanto eu abastecia, um rapaz chegou abaixado, abriu a porta, pegou minha carteira e desapareceu.
Foi tudo muito rápido. Mais do que a carteira, ele levou minha sensação de segurança.
Deixou comigo o sentimento de impotência. Horrível, por sinal.
Claro que fiquei muito brava, triste por ter algo roubado, mas ao mesmo tempo, extremamente agradecida.
Agradecida por as crianças não estarem comigo, agradecida por ele ter levado só o material e ter deixado minha vida…e mais, agradecida por não estar na mesma situação que ele.
Deixa eu explicar melhor esse último agradecimento.
Na hora eu estava tão brava por ele ter levado meus documentos e cartões que não tive tempo de pensar na razão de tudo isso.
Agora, mais calma, vejo que o azarado é o ladrão.
Sou privilegiada por nunca ter passado pela minha cabeça o ato de roubar. Sou privilegiada por ter caráter, boa índole, coração bom e saber o que é certo e o que é errado.
Por alguns minutos me coloquei na situação dele.
Talvez um pai desesperado (não justifica a ação, claro), talvez um oportunista que viu a chance de fazer dinheiro rápido, talvez um drogado buscando sustentar o vício, talvez apenas um homem do mal…
Eu não sei a resposta, mas sei que sou abençoada por não “precisar” da carteira de outro.
Resultado da ação:
Para mim, fica o alerta. Mesmo vivendo em uma cidade pacata, pode acontecer.
Para ele, ficam os dois dólares que estavam na carteira.
O coitado, até nisso deu azar. Roubou a carteira errada!
