Ainda me lembro do meu primeiro bilhetinho de amor.
Eu tinha uns 10 anos de idade.
Talvez esse fato não esteja nas memórias do Renato.
A carta foi entregue na frente do posto de gasolina.
Dizia assim: “peguei um barquinho para atravessar o oceano somente para dizer que te amo”. A promessa não durou nem as braçadas da piscina do Tênis Clube de Tupã.
Veio minha adolescência e com ela um poema na parede da escola.
Lá no fundão da classe, o Luiz se declarou.
Com uma Bic azul, o romantismo brilhava.
“Toda mulher tem seus mistérios, mas a mulher que eu amo tem um mistério a mais”
Bastou a primeira briga para entrar a caneta vermelha na história e completar a frase.
“Será mesmo um mistério?”
Amores de uma vida inteira que não aguentaram o primeiro ‘não’.
Já o meu marido me conquistou com a música.
Usou a voz do Frejat para se declarar.
A canção dizia que ele ficaria RICO num mês e dormiria de meia para virar burguês.
Faz 15 anos que eu espero essa virada.
Pois bem, ontem à noite fomos dormir tarde aqui em casa.
O César tem trabalhado demais.
Cansado, o coitado caiu na cama de roupa e tudo.
Nem boa noite teve tempo de me dar.
Com uma certa insônia, eu fiquei pensando na dedicação dele com a família.
No esforço, nas batalhas, no homem que se tornou meu companheiro de vida.
Agradecida, mas já com uma certa dose de sono, olhei para o lado e de repente…
Caí na gargalhada.
O César, essa noite, dormiu de meias.
Esse é do tipo que cumpre promessa.
É moço para casar!