Quando eu era criança eu tinha uma amiga chamada Ana Karina.
A gente saia da escola e ia correndo para minha casa.
Brincávamos de pega-pega, pique esconde…
Nossa única necessidade na vida era brincar.
Luciana Demichelli
Luciana Demichelli
Luciana DeMichelli é jornalista. Trabalha em TV e Mídias digitais. Adora contar e ouvir boas histórias. Tem sempre sua "versão" de fatos e filmes.
Eu mal pisava na calçada e minha mãe começava a ladainha.
Gritava da sala de tv, mais alto do que a novela das seis:
“Diga com quem andas que direi quem és”.
A vida inteira foi assim.
E eu aposto que ela não foi a única.
Imagino a carreata de mães que acompanharam a minha nessa missão de manter os filhos longe das más companhias.
E assim, a gente desviava de um aqui, de outro ali…e no fim estava sempre rodeado de pessoas do bem.
Sabe por que? Porque no fundo todo mundo tem o lado bom.
Outro dia assisti ao filme da Malévola… incrível como até a bruxa tem seu lado princesa de ser.
Hoje eu tive uma grande ideia.
Daquelas com o poder de transformação.
Uma ideia capaz de me levar da lágrima ao riso em uma fração de tempo.
O tipo de ideia que chegou com tudo.
Trazendo com ela a oportunidade, o sonho e uma porta escancarada bem na minha frente.
João, Maria, José, Abreu… ser chamado pelo próprio nome de tão simples é complicado.
Às vezes dá branco. Você encontra aquela pessoa na rua… e nada de lembrar o nome.
A gente tenta disfarçar, envia o sorrisinho amarelo e lança a velha desculpa: “Sou péssimo para nomes”.
Péssimo para lembrar o nome dos outros, mas deixa alguém esquecer o seu.
É sempre assim. A gente chama o cara de fulano, de tiozinho… lembrar que é bom, nada.
A vida é tão corrida que às vezes tenho dificuldade em me lembrar do que aconteceu ontem.
Não sei se minha memória está fraca ou se o meu esquecimento é sinal do tempos.
A gente faz, faz, faz… e no outro dia a gente esquece, o amigo esquece, o chefe esquece…
Nosso feito, com o efeito do tempo, passa. É substituído.
O ídolo de ontem nem de longe parece o de hoje.
Não deveria ser assim.
Eu estava saindo do supermercado com 3 sacolas na mão, quando ouço meu filho dizer: “Obrigado, Tommy”.
Minha pergunta foi direta:
“Você o conhece?”
E a resposta me paralisou:
“Não, mas está escrito na camisa dele”.
Tommy Hilfiger.
Ao som da minha risada, tentei explicar que o nome e o sobrenome na camisa não eram dele e sim de uma marca.
Se eu fosse criança nos dias de hoje, minha mãe seria acusada de maus tratos.
Não estou falando de chineladas no bumbum – que foram várias – estou apenas me lembrando do quanto ingeri de xarope de frutose.
Acho que o ingrediente principal da minha infância foi o açúcar.
Tudo era na base do doce.
Dia desses fomos dormir tarde aqui em casa.
A discussão pegou fogo entre os amigos.
Qual o “item”, digamos assim, mais importante da vida?
Entre dinheiro, esperança, coragem, amor… a saúde liderava por pontos.
Liderava até eu levantar meu dedinho torto e apontar: a Fé.
Uma sílaba foi capaz de mudar a expressão no rosto dos meus amigos.
Ninguém botava fé que eu estava dizendo aquilo.
Foram olhares diferentes de todos os lados.
Como assim, a fé?