Quando eu era criança eu tinha uma amiga chamada Ana Karina.
A gente saia da escola e ia correndo para minha casa.
Brincávamos de pega-pega, pique esconde…
Nossa única necessidade na vida era brincar.
Faz muitos anos que eu não vejo a Ana. Moramos em países diferentes.
Somos amigas via computador. Ela curte minhas fotos e eu curto as dela.
Mas hoje eu não curti.
Para falar a verdade, hoje eu não consegui ver a foto que ela postou.
Eu apenas senti.
Pela primeira vez na minha vida eu senti uma foto.
Já aconteceu com você?
Impossível definir essa foto.
Passaram tantas coisas pela minha cabeça.
Fiquei tão pensativa, que só pude sentir.
Eu senti o vidro gelado que separa duas realidades tão distintas.
Senti a dor do lado de fora e a dor do lado de dentro.
Senti um muro.
É um muro imposto desde a infância…
Inocente, talvez.
De um lado a necessidade, do outro uma prisão…. e não me pergunte quem está de cada lado.
As faltas de liberdade, de amizade, de amadurecimento impostas por nós.
Um muro criado por mim, por você e quem mais estiver espiando esse texto.
Onde na minha infância existia apenas um tijolo, hoje existe um muro.
Do lado de fora ou do lado de dentro.
Ninguém deveria brincar sozinho.
E sabe o que mais me dói?
Ver aquela bola na mão de um… sem poder passar para o outro.
