Hoje me deu saudade.
Daquela que deixa um furo no peito, uma secura na boca, um cisco nos olhos.
Saudade do que foi e do que ainda nem veio.
Um sentimento completo, apesar do vazio que traz.
Outro dia estava com os amigos tentando definir a danada da saudade.
Alguns diziam que a palavra é saudadeS.
Para mim saudade é singular, única…
Sem S, para não aumentar ainda mais esse sentimento.
Sou do tipo nostálgica.
Quando eu era menina, meu pai tinha uma torrefação.
Todo fim da tarde eu aparecia por lá, para sentir o cheiro do grão de café.
Talvez por isso minha “caipirice” em usar o coador até hoje.
Não me rendo, não me entrego ao expresso.
Fazer café no coador é quase um encontro matinal.
Por coincidência, hoje, o Marcos, meu primo, postou na internet a foto de uma xícara das antigas.
Xícara com gosto de infância.
E em um segundo, lá estava eu, na cozinha da casa da minha avó.
Deu saudade… do tipo que me fez voltar.
E se Deus me desse a chance de um encontro, um único que fosse, seria singular.
Por algumas horas eu estaria tomando um café com meu velho pai.
E não adianta explicar.
Saudade se a gente não mata, parece que mata a gente!