Sustentabilidade.
É bom saber que essa palavra está na moda.
Adoro ler artigos e saber histórias de pessoas que transformam o lixo em algo bacana.
Tem uma mulher na Bolívia que faz casas de garrafa PET para pessoas de renda mais baixa.
Não é o máximo?
De pequenos lixos, grandes luxos. Acho muito legal essa conscientização.
Também acho demais o que acontece com o lixo em alguns países, inclusive aqui nos Estados Unidos.
Um amigo meu montou a casa dele com “restos” de outras casas. Na calada da noite, antes do lixeiro passar, ele foi lá e pegou tudo: a geladeira com pequenos arranhões na porta, uma tv de 32 polegadas, quatro cadeiras de treliça e até um vasinho de flores de plástico, que hoje enfeita a mesa de centro. E isso é normal aqui.
Fiz isso algumas vezes. Tanto me desfazer de coisas boas, quanto pegar o lixo dos outros.
Uma vez eu coloquei um sofá que não usava mais para o lado de fora da minha casa.
Durante a noite, fui acordada por um murmurinho entre dois amigos. Olhei pela janela e lá estava uma camionete cabine dupla levando embora meu sofá, meu velho sofá verde, companheiro de tantos filmes. Pensei: por que o dono de uma cabine dupla precisa pegar um sofá no lixo?
Não é uma questão de ter dinheiro ou não. Vai além disso.
Talvez nem seja uma questão de necessidade, mas de oportunidade.
É a autêntica lei da oferta e da procura. Eu não preciso mais do sofá, meu vizinho precisa. PONTO.
O mais legal é que não existe vergonha de um lado e nem julgamento do outro. Você pega o lixo e pronto.
Quando eu peguei a mesinha de ferro, que estava no lixo do meu vizinho da esquerda, ninguém apontou o dedo para mim. Ninguém julgou minha atitude e nem especulou minha conta bancária. Tá certo que ela precisa de um bom trato, mas eu ainda vou dar um jeito.
Dia desses, eu me dei bem. Um kit de golfe, completo, com tacos de vários tamanhos, foi deixado no lixo da rua de trás. Talvez o dono tenha comprado tacos novos… talvez tenha perdido o último torneio e se desiludido com o esporte… talvez ele soubesse que faria a alegria da molecada aqui de casa.
Antes de qualquer outro vizinho, eu corri e peguei o kit.
Agora só falta achar o dinheiro para me inscrever nas aulas de golfe.
Um luxo só!