Por mais distante que se consiga ir, a gente sempre volta.
Hoje acordei pensando nisso. Na verdade, fui acordada. Às 7 da manhã o sino da catedral me transportou para bem longe, para uma época onde minha memória quase não alcança.
E lá fui eu para Tupã, minha terra natal. Bem perto da matriz da cidade, moravam meus avós. E de lá, o sino soava.
O barulhinho era escutado de qualquer lugar da casa, apesar dos insistentes roncos sopranos do meu avô.
Hoje vivo em outro continente e o som que ouço aqui, me faz voltar.
A gente sempre volta às raízes, mesmo rompidas com o passar dos anos.
E o sino toca de novo. Dessa vez, são 8 badaladas. Faz uma hora que estou aqui.
E o tempo, danado que só ele, com toda sua maestria e velocidade, ainda me faz ouvir Elis Regina saindo baixinho da vitrola da memória: ? “Às 6 horas o sino da capela toca as badaladas da Ave Maria…”
Eram as férias de janeiro e, a passos lentos, minha tia Gé dançava e cantarolava os versos de Elis na música “Marambaia”. Eu ria e desafinava ao lado dela.
Aquela alegria ainda vive em mim. O cheiro daquela manhã continua no ar, mesmo depois de quase 40 anos.
O sino toca de novo. Toca e me faz voltar. Eu desperto acordada com a sensação de jamais ter deixado de estar “lá”.
Toca, toca, toca sininho da capela… e nunca deixe de me transportar.