A frase me atingiu em cheio. “Os filhos são nossos mestres mais do que nossos aprendizes”.
Saiu da boca de uma médica antroposófica e foi direto para minha mente.
Ficou ali, insistentemente.
Faz quase 10 anos que estou nessa missão de aprendiz.
A gente educa um filho com a intenção de fazer tudo certo, mesmo quando a gente erra.
E claro, sem querer, a gente erra.
E lá estão eles prontos para nos dar a próxima lição.
O perdão de filho, por exemplo, vem sem cobrança, sem expectativas.
É perdão sem nenhuma gotinha de mágoa.
E a gente que acha que nasceu para ensinar, vai se surpreendendo no meio do caminho.
Falar de amor com um filho é sempre uma página nova.
Dia desses, a Cora, minha pequena de 5 anos, chegou em casa com um cartão para o pai.
Em letras ainda mal desenhadas, a declaração era profunda: “Papai você é minha mamãe”.
Os estudiosos dirão que a criança está usando apenas as poucas palavras que conhece.
Os cautelosos dirão que a criança quis agradar ambos.
Os invejosos dirão que a criança acha o pai mais presente do que a mãe.
Os chatos dirão que o pai não está desenvolvendo seu papel na vida da criança.
Minha filha apenas me mostra um novo adjetivo – e talvez o melhor deles – para definir o amor.
Com eles a gente aprende na teoria e na prática.
O Arthur, o meu mais velho, tinha dois anos e meio quando me deu uma aula de como pulsa um coração.
Com um estetoscópio de plástico de cor verde limão, eu apenas imitei o barulhinho: o coração da mamãe faz Tutu Tutu Tutu…
E com maestria em romantismo ele completou: e do Tutu faz… mamãe, mamãe, mamãe.