Ontem passei por uma situação tensa.
Fui roubada no posto de gasolina.
Aqui a gente abastece o próprio carro, não tem frentista. Enquanto eu abastecia, um rapaz chegou abaixado, abriu a porta, pegou minha carteira e desapareceu.
Foi tudo muito rápido. Mais do que a carteira, ele levou minha sensação de segurança.
Deixou comigo o sentimento de impotência. Horrível, por sinal.
Claro que fiquei muito brava, triste por ter algo roubado, mas ao mesmo tempo, extremamente agradecida.
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Essa semana recebi 3 mensagens pelo Facebook.
Normal, todos recebem mensagens diariamente.
A diferença dessa vez é que as mensagens chegaram com um “certo atraso”.
Duas mensagens foram enviadas em 2012 e uma em 2013.
Ou seja, demorei uma média de 2 anos e meio para colocar minha caixa postal em dia.
Na época, um telefonema teria resolvido isso. Aí, lembrei da frase que um amigo, o Breno, me falou outro dia:
“Atualmente, é quase uma ofensa você ligar para alguém”.
Cuidado com a palavra, já dizia meu velho pai.
Uma vez dita, ela não evapora nunca mais.
Palavra não sai voando. Não some na primeira esquina.
É pior que ferida. Não cicatriza. Nem casquinha forma.
Palavra gruda feito bala 7 Belo.
Ela fica ali, no cantinho da memória.
Hoje eu postei uma foto nas redes sociais e tive muito mais retorno do que imaginava.
Não estou falando de likes e comentários.
Estou falando de memórias.
Retorno de momentos da minha vida através da lembrança.
A foto que eu postei foi dos meus filhos chegando na escola, no primeiro dia de aula.
Ontem à noite eu roí todas as minhas unhas.
Ontem à noite eu assaltei a geladeira. E, acredite, não fui a única.
Estava acompanhada de uma legião de seguidores.
De norte a sul do país. Quiçá do mundo!
Tudo por culpa da minha profissão nas horas vagas.
Na calada da noite, faço parte de um grupo que trabalha intensamente como torcedor.
No murmurinho do dia também.
O esporte é maravilhoso.
Aprendo muito com ele. Pessoal e profissionalmente. Faz bem.
Acho que é por isso que torcemos tanto por pessoas que nem conhecemos.
Não é pelo país, é por nós.
É para termos a certeza de que não existe o impossível.
Muitas vezes a gente não sabe quem é o atleta, nunca o vimos.
Conhecemos pouquíssimo a modalidade, mas, no fundo, a gente se vê ali.
Ou vai dizer que você já tinha ouvido falar ou visto o Felipe Wu? Já tinha assistido a uma competição de tiro? Não na TV. Quero saber se comprou ingresso e foi lá, domingão a tarde, assistir ao torneio regional de tiro ao alvo?! Eu não.
Mas a gente ganhou aquela prata junto com ele.
Perder o último dente de leite aos 13 anos de idade resultou no primeiro fora da minha vida.
Fiquei sem o dente e ainda por cima sem meu parceiro de quadrilha, que desistiu de dançar comigo justamente por conta da banguela inesperada.
Foi um horror.
Um horror que durou no máximo 5 minutos.
Minha mãe não pensou duas vezes para resolver a situação.
Conversou comigo, enxugou minhas lágrimas e me fez convidar outro amigo para o forró junino.
Minha mulher não tem paciência.
Isso é bom.
Aprendi, nos últimos anos, que a casa só anda com a falta de paciência.
O jantar, por exemplo, não espera.
O mundo precisa acelerar caso queira a comida quentinha.
O que eu quero dizer com isso?
Olha só, hoje eu estava trocando o pneu do carro quando ela, a Lu, abriu uma fresta da porta e perguntou:
‘Vai demorar?”